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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Acordo prepara fundos para conservar genética de plantas

O Silo Global de Sementes de Svalbard, na Noruega, é considerado como a Arca de Noé das plantas do mundo
O Silo Global de Sementes de Svalbard, na Noruega, é considerado como a Arca de Noé das plantas do mundo


Um acordo internacional com o objetivo de proteger e melhorar o acesso aos recursos genéticos de plantas do mundo está pronto para distribuir sua primeira leva de fundos para pesquisas esta semana, em meio a problemas de fluxo de caixa que poderiam comprometer verbas futuras.

Os fundos, que irão apoiar a pesquisa de novas variedades de plantas e esforços de conservação de países em desenvolvimento, marcam o quinto aniversário da adoção do Tratado Internacional de Recursos Genéticos de Plantas para Alimentos e Agricultura da Organização Alimentar e Agrícola das Nações Unidas.

O tratado é melhor conhecido por seu papel na viabilização da construção do Silo Global de Sementes de Svalbard na Noruega - uma caverna subterrânea que contém um estoque de sementes de plantas do mundo.

Cerca de 120 países fazem parte do tratado e aqueles que o ratificaram são legalmente autorizados a transmitir informações genéticas sobre cerca de 64 das mais importantes plantas para consumo do mundo, incluindo batata e trigo - tornando a informação livremente disponível a pesquisadores, geneticistas de plantas e agricultores. Essa informação pode ser armazenada em bancos genéticos ou na forma de plantas cultivadas no campo de um agricultor, por exemplo.

O tratado também dá suporte financeiro a comunidades agrícolas do mundo em desenvolvimento. Isso significa que esses países podem custear a manutenção do cultivo de plantas tradicionais e mais geneticamente diversificadas, ao invés de abandoná-las em favor de variedades modernas e melhoradas - mas também uniformes.

A manutenção da diversidade é essencial para pesquisadores e geneticistas de plantas que buscam safras que possam suportar os efeitos da mudança climática ou de novas doenças.

Tempo de espera
Em um encontro que acontecerá esta semana em Tunis, Tunísia, o conselho diretor do tratado deverá doar um total de US$ 250 mil a cerca de quatro a sete projetos de pesquisa e de conservação de plantas. Por exemplo, um dos projetos que requisitou financiamento vem de uma comunidade agrícola nos Andes do Peru, uma área que possui o maior índice de diversidade de batatas do mundo. Eles esperam que o financiamento os ajude a adaptar suas estratégias de cultivo às temperaturas cada vez mais altas vivenciadas por eles, como resultado da mudança climática.

O tratado está agora enfrentando desafios financeiros, diz Shakeel Bhatti, secretário do conselho diretor. Seu objetivo de longo prazo é gerar fundos para projetos de pesquisa e conservação através da receita oriunda da comercialização de produtos, como novas variedades de plantas, desenvolvidas usando material genético obtido pelo tratado. Qualquer um que faz uso do material genético do tratado em produtos patenteados e comercializados deve concordar em dar de volta ao fundo 1,1% das vendas do produto.

"Existe um tempo de espera de cerca de 10 a 15 anos até um produto comercial ser desenvolvido e royalties começarem a circular", diz Bhatti. O tratado também depende de doações dos países signatários, empresas e instituições de caridade participantes. Mas até agora, apenas Noruega, Espanha, Itália e Suíça contribuíram. Como resultado, o fundo atualmente possui US$ 500 mil, o que significa que apenas uma parte dos 500 projetos (que totalizam US$ 20 milhões) podem ser financiados.

Bhatti afirma que o financiamento limitado para pesquisa e conservação é "uma grande preocupação" para a segurança dos alimentos do mundo no futuro. Ele irá buscar um acordo com o conselho diretor do tratado na reunião desta semana para lançar uma campanha com o objetivo de arrecadar US$ 116 milhões ao longo dos próximos cinco anos.

"Pool" de genes global
Países que fazem parte do tratado criaram por meio dele 1,1 milhão de amostras genéticas disponíveis e cerca de 200 mil trocas de material genético acontecem todos os anos - mostrando que o tratado tem sido um sucesso até agora, diz Bert Visser, diretor do Centro para Recursos Genéticos de Wageningen, Holanda. "O tratado permitiu a criação de um ¿pool¿ de genes global", ele diz.

David Ellis, curador do Programa de Preservação de Recursos Genéticos de Plantas do serviço de pesquisa do Departamento de Agricultura dos EUA, diz que se tornou "uma prática padrão o acesso e a troca de material genético por meio do tratado." Ele acrescenta que o tratado também tem sido útil para esclarecer os termos e condições sob os quais o lucro pode ser obtido com o material que é trocado. Os Estados Unidos são signatários do tratado, mas ainda não o ratificaram.

Nenhum esforço de pesquisa ou de cultivo de plantas de um país iria muito longe sem a capacidade de acessar e utilizar recursos genéticos mundiais, Visser diz: "Todo mundo precisa de algo dos outros."

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